Fotografia: quando foi que todo mundo começou a amá-la?

Hoje na minha timeline do twitter me deparei com o seguinte tweet de um colega “me interessaria muito saber de onde saiu essa mania mundial de ser fotógrafo”. Eu de metida que sou respondi de imediato o que eu considero que seja e o que vou tentar explicar ao decorrer do texto. Coincidiu de eu recém ter criado uma categoria no blog (Quero ser fotógrafo) mas não ter estreado ainda e acabei achando que esse seria um bom post de introdução.

Afinal hoje em dia realmente, parece que todo mundo quer ser fotógrafo, de onde vem essa vontade? Se é oficial ou não, eu não sei dizer, mas o que eu vejo claramente é que o acesso a equipamentos fotográficos ficou tão fácil que não precisa nem querer ser fotografo ANTES de adquirir uma boa câmera, porque se parar pra observar, hoje em dia até as mais simples tem recursos bastante elaborados.

Antigamente fotografia era uma área muito seletiva do mercado. Equipamentos custavam caro e manter também não era fácil, lembrando dos gastos em comprar filmes fotográficos e a revelação dos mesmo depois. Por esse tempo a fotografia era vista pelos “normais” como um simples “guardar de recordação”, poucos viam ali uma forma de arte. O tempo foi passando e a tecnologia chegando, a novidade de não usar mais filmes foi um dos pontos cruciais que levou a fotografia ser algo muito mais popular, tamanha praticidade e economia (eu até hoje tenho filmes não revelados guardados numa caixa de sapato, por exemplo).

A partir disso as pessoas começaram a explorar mais a fotografia pela ilusão de que era algo infinito (talvez você não saiba que toda câmera tem uma vida útil baseada nos números de cliques tal como um filme de X poses, mas isso eu vou falar em outro post.). Pensando nisso, como qualquer outro produto, principalmente artigos tecnológicos, o mercado se expandiu e começou a “evolução” dentro dessa área. A cada câmera lançada no mercado era/é com uma característica (às vezes minúscula) diferente pra demanda de compras ir seguindo o caminho de farelo de pão que foram deixando pra trás. Nós, como bons capitalistas que somos, fomos comprando aqui porque tinha opção de tirar fotos em preto e branco, sépia ou arco-íris, compramos ali porque tinha mais megapixels, compramos acolá porque tinha o visor que era do tamanho da tv aqui de casa.

E ai começou o interesse pela fotografia, pela qualidade, pelo status no Orkut, no facebook, na conchinchina. Eu, pessoalmente, sempre achei a arte da fotografia fascinante, desde os primórdios. Tive inclusive uma câmera de filme dessas simples que se assemelha a fotografar no modo automático de uma câmera digital, mas ainda assim me orgulho de ter feito parte da fotografia analógica. A primeira câmera digital que peguei na mão usava um DISQUETE funcionando no lugar do hoje conhecido como cartão de memória. Vocês tem noção do que é isso? Falando assim me sinto velha, mas é engraçado pensar em como na verdade essa área evoluiu muito rápido e esse passado não é tão distante. Nessa época eu achava que jamais teria uma câmera profissional, mas dai inventaram que podia parcelar em milhares de vezes no cartão, no cheque, no dinheirinho do banco imobiliário e hoje em dia (demorou, mas) tenho minha primeira câmera.

Chamo de primeira câmera por querer classificar ela numa área diferente das cyber shots e tek pix que a gente carrega no bolso da calça. Com lente cambiável e direito a modo inteiramente manual. O que vem a questão dos que compram uma maquina desse porte e se acham fotógrafos.

Não querendo julgar, mas já julgando, TIRAR uma fotografia e FAZER uma fotografia são coisas totalmente diferentes. Acho super de direito de todo mundo, que tenha condições, ter uma boa câmera e poder registrar os momentos com toda qualidade do mundo, mas saiba perceber que para SER um fotografo não bastar ter um bom equipamento e pronto. Tem que ter conhecimento sim. Uma câmera mesmo que não seja semi ou profissional tem um leque imenso de opções que quase ninguém explora. Por mais chato que pareça, ler o manual da câmera é absurdamente importante e RICO de informações que vão deixar sua foto com mais qualidade. Eu sempre lia o que encontrava por acaso na internet sobre fotografia, e achava que sabia de tudo. Quando resolvi que ia comprar minha atual câmera, comecei a pesquisar e estudar de verdade, de maneira autodidata e dedicadíssima. Baixei na internet e li o manual antes mesmo da minha filha chegar em minhas mãos. Estudei o que podia e o que não podia, desde cada componente da câmera até dicas de composição e o caralho a quatro. E vou dizer que na pratica a teoria é outra. Mesmo sabendo muito, quando peguei a dita cuja nas mãos, eu não sabia porra nenhuma. Minhas primeiras fotos com ela foram horrorosas, e até hoje eu sei que tem fotos, boas, que fiz com uma Olympus xexelenta que não consigo fazer com a semiprofissional que tenho agora. Mas o que eu mais encontrei até hoje, foram fotógrafos desde profissionais até amadores dizendo que os primeiros 10 MIL cliques da câmera são pra aprender. Inclusive quando se já é profissional, ao comprar uma câmera nova você precisa aprender sobre o equipamento novo. Não basta saber o básico, você tem que estar sempre se atualizando, as coisas mudam, você faz o conhecido, o desconhecido, inventa técnicas novas, faz do jeito certo, do jeito errado, e por ai vai…

Eu acho que esse leque de possibilidades, esse poder de manuseio, de poder “produzir” a imagem ANTES da captura da mesma, é uma coisa muito atraente. Até mesmo pra quem só quer tirar foto da família no aniversario do primo, ou naquele churrasquinho de domingo. Às vezes o desejo vem antes só por saber que existe, às vezes compram a câmera pela qualidade e acabam se interessando em aprofundar-se depois. Acho que varia, e nem acho que seja o único motivo, mas vejo como dos mais comuns pra essa paixão mundial pela fotografia vir crescendo cada vez mais.

Sobre Koral

Fotografa e Designer (mas só de coração)
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